quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Nota sobre a ILUSÃO de uma verdadeira revolução pela Diversidade Sexual mediada pela mídia.


Este é um vídeo feito pela rede McDonald's na França que retrata fielmente a ação da subjetividade capitalista através da banalização de movimentos "subversivos" que representem algum risco pra configuração em que vivemos. É a lógica " se não podemos com eles, nos juntamos à eles". Traduzido também como puro marketing oportunista, mas podemos problematizar mais do que isto.

  O rapaz está colocado em um contexto no qual representa a identidade GAY, cis-homem, branco, dentro de um padrão de beleza hegemônico, de classe média. Ou seja, um indivíduo que sugere um grande potencial como consumidor, dos produtos em questão, claro.  Entre o rapaz e um heterossexual não há muita diferença, notem ( chamando atenção, também, pelo fato do pai não perceber que o filho é homossexual).
  Quando materiais como esse se tornam comuns no nosso cotidiano através da mídia burguesa, quer dizer que há uma subjetivação categórica imposta, pois seu objetivo é criar uma identidade;  não mostrar como são os gays e sim como eles DEVEM ser.  A lésbica negra pobre não representa um indivíduo consumista em potencial, logo não é o alvo da propaganda. Mas que efeito será incitado em determinados indivíduos adversos ao contexto tão seletivo da propaganda? As possibilidades permeiam entre exclusão, repulsa à si mesmos ou constantes tentativas frustradas de se adequar à norma vigente.

   No final das contas foi o que aconteceu com todos os movimentos que levantaram a bandeira da diversidade sexual no decorrer dos anos, desde Stonnewall. O sistema neo-liberal cooptou os indivíduos, até então considerados "monstrxs" pela sociedade, criando uma identidade gay consumista e emparelhada e dando-lhes a ilusão de liberdade. Hoje em dia quem sofre de homofobia? Por acaso é o gay branco e cis-homem que "parece hétero"  ou é a bixinha negra, que é vista como uma aberração fora dos padrões de sociabilidade? É o gay ou lésbica normativos trabalhadores de carteira assinada que podem usufruir de uma "liberdade plena" de consumismo ou a travesti que se prostitui autônomamente burlando o sistema e fugindo do controle do estado?

Montrxs de Stonewall, 1969.

   Não me parece positivo que uma luta por diversidade seja cooptada e transformada em um movimento reformista que acalma os ânimos dos gays e cala ou ilude xs montrxs que estão à mercè da sociedade. Se queremos visibilidade não será a mídia burguesa que fará isso. Somos nós, lésbicas, gays, trans, travestis, bi,queers, etc que temos de mostrar nossas potências como pessoas com AUTONOMIA e não nos encaixando nos padrões da heteronorma. A única forma de lutar contra o sistema que nos oprime e territorializa nossos corpos e nossos desejos é não reproduzindo suas leis e sim, fugindo delas praticando exatamente o contrário. Declaremos nossa emancipação, sejamos aberrações, livres para amar, foder, transitar.




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