quarta-feira, 17 de abril de 2013

PORNO-TERRORISMO POR ISSO ▼


    Por quê a sexualidade ainda é vista como um tópico sem importância, um escape frívolo dos problemas relacionados a pobreza, guerras, doenças, racismo, fome, aniquilação nuclear? Os atuais conflitos sobre os valores sexuais e a conduta erótica tem muito em comum com as disputas religiosas e políticas de séculos atrás até hoje. Por quê mesmo dentro dos "meios libertários" falar de sexualidade\política ainda é um tabu? (lembrando as atitudes machistas de repugnação da homossexualidade anos atrás dentro dos movimentos de esquerda, como um desvio pequeno burguês, um apêndice).


    A sexualidade em toda sua complexidade e abrangência também possui suas próprias políticas internas, suas próprias desigualdades e suas formas de opressão específicas. Igual ocorre em outros aspectos da conduta humana, as relações institucionais socialmente construídas pela ganancioso sistema neo-liberal. Mulheres que lavam louça, cuidam dos filhos e cozinham enquanto os homens lidam com questões políticas e administrativas com toda sua liberdade de atuação na sociedade, não ocorrem por acaso.

    O sexo é sempre politico. Se podemos fazer uma analogia de poder, de hierarquia, opressão, de repressão com vários âmbitos de convivência da nossa sociedade é porque algo muito sério há pra resolver. Um estudo mais aprofundado envolvendo uma visão psicanalítica ou filosófica é extremamente pertinente para questionar o ditadura do binarismo (macho, fêmea, é só?), o patriarcado, a cognição heterossexual em si, com todas suas cobranças de conduta e desejo dos gêneros.
  
   Se nós, MONSTRXS queremos lutar contra a ditadura da heteronorma que territorializa nossos corpos e nossos desejos não podemos nos conformar com a conveniência e a comodidade de nos emparelharmos. Não somos iguais à eles, nem de longe, e nem queremos. Somos especiais, estamos vivxs! Nossa arma é ir contra toda lógica heterossexual, tudo que for considerado repugnante, inapropriado e fora da lei perante os olhos cristãos patriarcais da sociedade que incitar nossa alegria e prazer...isto terá de ser feito! Sejamos putxs, depravadxs, livre pra gozar os prazeres inúmeros que uma vida desterritorializada pode nos oferecer.
 
   A ciência não explica tudo, e não, a Lady Gaga não estava certa, ninguém "nasceu desse jeito". Sejamos transitórixs em nome do prazer.
  
                                   Amigxs degeneradxs, RISE!

"Nota sobre a ILUSÃO de uma verdadeira revolução pela Diversidade Sexual mediada pela mídia.


Este é um vídeo feito pela rede McDonald's na França que retrata fielmente a ação da subjetividade capitalista através da banalização de movimentos "subversivos" que representem algum risco pra configuração em que vivemos. É a lógica " se não podemos com eles, nos juntamos à eles". Traduzido também como puro marketing oportunista, mas podemos problematizar mais do que isto.

  O rapaz está colocado em um contexto no qual representa a identidade GAY, cis-homem, branco, dentro de um padrão de beleza hegemônico, de classe média. Ou seja, um indivíduo que sugere um grande potencial como consumidor, dos produtos em questão, claro.  Entre o rapaz e um heterossexual não há muita diferença, notem ( chamando atenção, também, pelo fato do pai não perceber que o filho é homossexual).
  Quando materiais como esse se tornam comuns no nosso cotidiano através da mídia burguesa, quer dizer que há uma subjetivação categórica imposta, pois seu objetivo é criar uma identidade;  não mostrar como são os gays e sim como eles DEVEM ser.  A lésbica negra pobre não representa um indivíduo consumista em potencial, logo não é o alvo da propaganda. Mas que efeito será incitado em determinados indivíduos adversos ao contexto tão seletivo da propaganda? As possibilidades permeiam entre exclusão, repulsa à si mesmos ou constantes tentativas frustradas de se adequar à norma vigente.

   No final das contas foi o que aconteceu com todos os movimentos que levantaram a bandeira da diversidade sexual no decorrer dos anos, desde Stonnewall. O sistema neo-liberal cooptou os indivíduos, até então considerados "monstrxs" pela sociedade, criando uma identidade gay consumista e emparelhada e dando-lhes a ilusão de liberdade. Hoje em dia quem sofre de homofobia? Por acaso é o gay branco e cis-homem que "parece hétero"  ou é a bixinha negra, que é vista como uma aberração fora dos padrões de sociabilidade? É o gay ou lésbica normativos trabalhadores de carteira assinada que podem usufruir de uma "liberdade plena" de consumismo ou a travesti que se prostitui autônomamente burlando o sistema e fugindo do controle do estado?

Montrxs de Stonewall, 1969.

   Não me parece positivo que uma luta por diversidade seja cooptada e transformada em um movimento reformista que acalma os ânimos dos gays e cala ou ilude xs montrxs que estão à mercè da sociedade. Se queremos visibilidade não será a mídia burguesa que fará isso. Somos nós, lésbicas, gays, trans, travestis, bi,queers, etc que temos de mostrar nossas potências como pessoas com AUTONOMIA e não nos encaixando nos padrões da heteronorma. A única forma de lutar contra o sistema que nos oprime e territorializa nossos corpos e nossos desejos é não reproduzindo suas leis e sim, fugindo delas praticando exatamente o contrário. Declaremos nossa emancipação, sejamos aberrações, livres para amar, foder, transitar.




segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Grito dxs Montrxs!


   
    As bichas dizem BASTA! É nossa hora gritar! É nossa vez de falar alto, cansamos da autoridade heterossexual ditando o que é dignidade e o que é imprópio para todxs nós. Uni-vos para revidar, não com ódio, mas com toda sorte de prazeres livres que o não-reconhecimento de pudores e limites do corpo e do desejo podem nos permitir. 
    Não tenhamos medo algum de nada! Não deixemos mais que nenhum macho que se ache digno de se apoderar de nossa integridade moral e nos ferir com sua soberba hostil e discriminatória permaneça impune. Sejamos unidxs! Se eles, os machos, detentores de todo o poder, ética e moral judaico-cristã-capitalista nos oprimem e nos odeiam é porque nós ferimos o sistema deles; e porque afinal, o reinado patriarcal pode ser forte, mas é falho, disso já não temos dúvida. Se decidimos subverter a lógica do binarismo e negar todo o Poder Legítimo do Homem que nos é dado desde que nascemos, pelo simples fato de sermos cis-homens, com certeza o patriarcado vai responder, vai castigar. Nunca é fácil, nunca é simples. Mas nós resistimos, porque não queremos aceitar a violência contra nossas irmãs, (homens, mulheres, trans, putxs, intersex...), queremos dizer basta! Queremos dizer não as pedras que sociedade nos faz engolir na forma de duras cobranças. Queremos dizer não a identidade gay misógena e segregacionista, ao racismo, a monogamia e a heteronormatividade como um regime político totalitário. É necessário dizer basta! Mesmo dentro do nosso meio com nossxs amigxs.  Cansamos da repulsa e da discriminação. Queremos gritar.

    É necessário nos unirmos e mostrar que formamos uma manada forte, consistente e não passiva. Temos de aceitar que somos importantes, que falar de nós mesmos, do nosso ser, nossa expressão, nossa sexualidade não é um assunto frívolo, um escape pequeno burguês. É política. É necessaŕio.

                                               Sejamos unidxs! Sejamos livres! Sejamos Montrxs!